Caixa e Funcef excluem participantes do GT que discutirá equacionamento de déficits

  • 10 de dezembro de 2023

A Anapar tem chamado a atenção para a necessidade do reequilíbrio na relação contratual entre patrocinadoras e participantes em todos os fóruns e debates que tem participado. Lembra que o sistema fechado de previdência complementar é fruto do pacto de vontade entre empresas e trabalhadores e só existe em função do participante. Ressalta, ainda, que o contrato previdenciário deixa claramente definido o papel de cada ator: as partes envolvidas são empresa e trabalhadores; as entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) cumprem o dever fiduciário na administração do contrato; o Estado cumpre o papel de mediador na relação, como protetor da parte mais vulnerável da relação.

Importante salientar, ainda, que a edição da Lei Complementar nº 108/2001 impôs uma primeira agressão à paridade de poder, com o chamado “voto de qualidade”. A partir de então, todas as resoluções trouxeram dispositivos que visavam anular os participantes como parte integrante da relação contratual, embora se mantenha a paridade das contribuições.

Na semana passada, o diretor de Administração e Finanças da Anapar, Antônio Bráulio de Carvalho, reiterou essa posição durante sua participação no “V Seminário Previdência Complementar em Debate”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Previdência Complementar e Saúde Suplementar (IPCOM) e pela Associação dos Fundos de Pensão e Patrocinadoras do Setor Privado (APEP) em São Paulo: “A correlação de forças está desequilibrada. Os participantes e assistidos simplesmente inexistem na lógica hoje adotada  no sistema de previdência complementar. E esta situação foi criada pelo próprio Estado, aqui representado pela Previc. Chegamos ao absurdo de admitir que a patrocinadora e as EFPC transacionem sobre o direito patrimonial dos participantes nas restruturações societárias, tais como fusões, incorporações, transferência de gerenciamento, retirada de patrocínio etc., sem a presença de um dos sócios. Qualquer decisão sem a presença do participante é ilegítima, a meu ver, considerando que decisões podem definir o futuro de suas reservas e de suas famílias”, afirmou.

A prática adotada pelo Estado influencia na sociedade em geral. É o caso da notícia da criação de um grupo de trabalho entre a Caixa e a Funcef, para discutir planos de equacionamento. Vemos mais uma vez o participante e o assistido alijados do debate. No entendimento da Anapar, todas as partes devem ter capacidade de representação e autonomia para transação do direito patrimonial adquirido, ou seja, de sua reserva de aposentadoria. E esse direito dos participantes e assistidos não está sendo respeitado (de acordo, inclusive, com o entendimento do Supremo Tribunal Federal no sentido de que apenas o beneficiário da aposentadoria tem capacidade e legitimidade para decidir sobre ela). “As entidades fechadas de previdência complementar não têm poder absoluto em relação aos planos de benefícios que administram. Embora apenas os participantes e assistidos possuam efetiva capacidade de representação e autonomia e legitimidade para transacionar tais direitos, os processos ocorrem à sua revelia e resultam, por consequência, na judicialização de ações que buscam a devida reparação”, destaca Marcel Barros, presidente da Anapar.

A Anapar defende – e tem discutido no âmbito do Ministério da Previdência Social e da Previc – que esta questão crucial para garantir os direitos dos participantes e assistidos só será solucionada com a publicação de súmula da Previc, consolidando o conceito de direito patrimonial disponível no âmbito da previdência complementar fechada, bem como a definição dos participantes e assistidos como únicos agentes com capacidade e legitimidade para transacionar tais direitos. Mesmo sem a súmula, ainda há tempo para a Caixa e a Funcef incluírem participantes e assistidos no grupo de trabalho, dando poder de decisão sobre o futuro a quem de direito.

Outras notícias

STJ reconhece direito de deduzir do Imposto de Renda as contribuições extraordinárias à previdência complementar

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, ontem, 12/11, que as contribuições extraordinárias pagas pelos participantes de planos de previdência…
Leia mais

Anapar defende protagonismo dos trabalhadores na gestão da previdência complementar em encontro da Frente Parlamentar em BH

Nesta quinta-feira, 6 de novembro, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais foi palco do encontro regional da Frente Parlamentar Mista…
Leia mais

Anapar participa de reunião na SEST sobre incorporação ao Novo Plano da Funcef

O vice-presidente da Anapar, Dionísio Reis, participou de uma reunião na Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST),…
Leia mais

Painel PREVIC Cidadão fortalece a transparência das informações sobre os planos de previdência complementar

Com Ascom Previc A criação do Painel PREVIC Cidadão representa um avanço importante para o fortalecimento da transparência e do…
Leia mais