Por Patrícia Cunegundes, jornalista, doutora em Comunicação e gerente de Comunicação Institucional do Postalis
A desinformação é um fenômeno complexo e multifacetado, que afeta diretamente a vida dos participantes de fundos de pensão. Mais do que simples boatos, ela envolve a disseminação de informações incorretas, imprecisas ou fora de contexto, com potencial de confundir, induzir ao erro e distorcer a percepção da realidade. No universo da previdência complementar, esse tipo de conteúdo pode comprometer decisões financeiras cruciais, abalar a confiança nas entidades gestoras e fragilizar o sistema como um todo.
A desinformação circula por diversos canais — redes sociais, grupos de WhatsApp, blogs e até veículos da imprensa tradicional — e muitas vezes se apresenta com aparência legítima, técnica ou jornalística. O fenômeno da desordem informacional, caracterizado pela abundância de dados contraditórios e pela dificuldade de discernir fatos de opiniões, cria um terreno fértil para a viralização de conteúdos nocivos. Esses conteúdos, por sua vez, podem ser impulsionados por ações coordenadas, que envolvem redes estruturadas de atores com o objetivo deliberado de ampliar o alcance da desinformação.
No contexto dos fundos de pensão, os impactos são concretos. Participantes expostos a narrativas falsas ou distorcidas podem realizar resgates antecipados, perder benefícios e até judicializar questões que poderiam ser resolvidas com informação clara. A linguagem sensacionalista — como o uso do termo “rombo” para se referir a déficits técnicos — contribui para a criação de um ambiente de pânico, alimentando a polarização e a desconfiança.
Casos reais ilustram esse cenário. A Previ foi alvo de rumores infundados sobre déficits. O Postalis enfrentou a circulação de notícias antigas como se fossem atuais, além de interpretações equivocadas sobre sua patrocinadora. A Operação Greenfield gerou condenações públicas antes mesmo de qualquer julgamento formal. Esses episódios revelam como a desinformação pode se apoiar em comportamentos inautênticos, como a criação de contas falsas ou o uso de bots para amplificar mensagens enganosas.
Para enfrentar esse desafio, é essencial investir em educação midiática, educação informacional e educação para a cultura democrática. Essas abordagens fortalecem a capacidade crítica dos participantes, permitindo que avaliem a credibilidade das informações e desenvolvam resistência a narrativas manipuladoras. Estratégias como o prebunking — que consiste em alertar previamente sobre táticas de fraude e manipulação — e o debunking — que expõe elementos falsos de uma afirmação — são fundamentais para combater a desinformação de forma eficaz.
Além disso, os fundos de pensão e suas entidades representativas devem assumir um papel ativo na qualificação do ambiente informacional, promovendo a transparência, a escuta ativa e a comunicação não-violenta. A comunicação institucional precisa ser estratégica, clara e acessível, com foco na formação de participantes conscientes e preparados para reconhecer e reagir à desinformação. Os participantes e assistidos devem exigir isso de suas entidades, ao mesmo tempo em que devem buscar ferramentas para se defender da desinformação.
A desinformação representa um risco sistêmico, capaz de comprometer a estabilidade de instituições democráticas e a segurança financeira de milhares de brasileiros. Mas o participante bem informado não apenas toma melhores decisões — ele também contribui para a proteção do sistema como um todo. Por isso, reforçar a rede de confiança e verdade é um compromisso que deve ser compartilhado por todos os envolvidos na previdência complementar.
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