Por Mariluce Fernandes
O documentário “A tese antes da prova: Operação Greenfield” foi lançado, nesta quinta-feira (22), em Recife/PE, durante o XXVI Congresso Nacional da Anapar – Previdência Complementar Fechada: Para que e para quem?, promovido pela Anapar. A produção mostra depoimentos de advogados e de pessoas acusadas, trazendo à luz a versão de quem teve a vida devassada, sem a oportunidade de se defender.
Guilherme Lacerda, presidente da Associação de Ex-Gestores de Fundo de Pensão e Associação de Saúde Complementar (Anapex), esclareceu que o vídeo, feito com o apoio da Anapar, Sindicato dos Bancários de Brasília e Fenae, mostra o que foi e como tem sido o enfrentamento da operação Greenfield, desdobramento da Lava Jato. “Muitas pessoas têm um entendimento equivocado de narrativas malfeitas e perversas do que aconteceu com os ex-dirigentes, acusados de suposto envolvimento em irregularidades com os fundos de pensão”, observa.
O presidente da Anapex orientou que o vídeo deve ser assistido com bastante senso crítico, porque o que é mostrado pode acontecer com qualquer um de nós. “Se nós não nos envolvermos efetivamente na defesa das entidades, seremos sempre colocados numa situação de humilhação, como se fôssemos bandidos, porque a história foi contada com outra narrativa, na tentativa de acusar que os fundos de pensão foram utilizados de forma ilegal, acumulando prejuízos”, disse aos participantes.
Sem investigação – Na visão da advogada especialista em direito penal econômico e compliance e conselheira da OAB/DF, Mariana Mei, que atua na defesa de réus da Operação Greenfield, havia um déficit nos fundos de pensão e criou-se a tese de que ele era decorrente de uma fraude, corrupção ou gestão temerária, sem antes investigar se, de fato, o déficit era criminoso ou não.
“Eu costumo dizer que essa tese foi uma escolha política por uma narrativa de criminalizar dirigentes de fundo de pensão num momento delicado da nossa histórica política, social e econômica, tentando estabelecer um nexo de causalidade que não existia”, enfatiza a advogada. Ela critica que, sem investigar, partiram para a violência, prendendo pessoas numa operação midiática, a maior já deflagrada em conjunto pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e órgãos de controle.
“Foram centenas de mandados de busca e apreensão cumpridos, bens bloqueados, inúmeras proibições. Foi uma operação que criou uma tese antes da investigação”, reiterou Mariana, frisando que isso não deve acontecer num estado democrático de direito.
Absolvição sumária – Em 05 de setembro de 2016, a Polícia Federal deflagrou a Operação Greenfield em oito estados e no Distrito Federal para apurar supostos crimes de gestão temerária e fraudulenta contra os quatro maiores fundos de pensão do país — Funcef, da Caixa Econômica Federal; Petros, da Petrobras; Previ, do Banco do Brasil; e Postalis, dos Correios.
Em princípio pareciam meras ações de combate à corrupção e assim foram vistas pela mídia e por grande parcela da opinião pública. Da primeira operação, em março de 2014, à destituição da presidenta Dilma em 31/08/2016, passaram-se pouco mais de dois anos. Até a prisão do presidente Lula foram mais de dois anos; depois, em pouco mais de um ano, em junho de 2019, vieram a público as conversas mantidas entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores de Curitiba.
Após oito anos de espera, em 16 de janeiro de 2025, a 10ª Vara Criminal da Seção Judiciária do DF proferiu a primeira sentença referente à Operação Greenfield, absolvendo sumariamente 11 réus acusados de envolvimento em irregularidades relacionadas ao Fundo de Investimento em Participações Global Equity Properties (FIP GEP).
Outras notícias
Defendemos os interesses e os direitos conquistados pelos participantes de fundos de pensão e pelos beneficiários de planos de saúde de autogestão.
Seja bem-vindo à Anapar.
Setor Comercial Norte (SCN), Quadra 01, Bloco E, Salas 110 e 111, do Edifício Central Park, Brasília-DF CEP: 70711-903
Fale com a ANAPAR